sábado, 4 de maio de 2013

Memories - Capítulo 7 - Trisha é um detector de mentiras

  
    – Peguei um táxi – respondi, passando por ela e indo direto ao banheiro.

Liguei o chuveiro e senti a água quente me acalmar. Ela conseguiu levar embora todo o meu cansaço, mas falhou em tirar o sorriso doce e os olhos intensos de Rick de minha mente.

           Memories - Sete

    NO DIA SEGUINTE acordei com uma dor horrível nos pés. Provavelmente pelo fato de eu ter andado em círculos durante 35 minutos.
    Da minha janela, eu podia ver apenas o logotipo da floricultura, que me fez ter uma enchorrada de lembranças da noite passada. As sensações também quiseram se apresentar, e senti como se a mão macia e quente de Rick estivesse sobre a minha. Balançei a cabeça para espantar o pensamento.

     – Droga – murmurei.

    Olhei no relógio e percebi que nunca tinha dormida até aquela hora. Ficaria até feliz em saber disso se não fosse pelo fato de eu, Colin e Trisha termos cominado de ir até a praça para tiramos algumas fotos. Levantei rapidamente e lavei o roso, tentando tirar a cara de sono. Escovei os dentes e prendi meu cabelo em um rabo-de-cavalo, com uma fita.

    – Bom dia, dorminhoca – disse Trisha, assim que cheguei na cozinha.

   Ela ainda estava usando o pijama, o que me fez concluir que ela já tinha desistido de ir á praça. Me sentei á mesa e peguei uma das torradas amanteigas que estavam no prato.
 
    – Sinto muito termos perdido a hora – eu disse – Sei que era eu quem devia acordar vocês, mas é que cheguei muito cansada ontem á noite.
    – Está tudo bem, bobona. Aliás, não poderíamos ir mesmo. Esqueceu-se de Colin?
    – Ah, sim – disse – ele ainda está mal?
    – O inchaço diminuiu impressionantemente, mas ele não está querendo sair de casa hoje. Ainda se sente cansado.
    – Posso falar com ele? – perguntei
    – Melhor não – ela respondeu – ele ainda está dormindo, e fica muito irritado quando alguém o acorda. Você sabe disso. Aliás, quero conversar com você sobre outra coisa.

    Revirei os olhos e esperei que ela prosseguisse.

    – Rebecca Johnson – ela começou – Está saindo com alguém e não me avisou?

    Me assustei com a pergunta. Não tinha como Trisha saber da noite passada... não é mesmo?

    – Do... do que está falando, Trisha?

    Ela levantou da mesa e foi até a sala. Voltou a cozinha com um buquê de flores vermelhas. Nelas havia um bilhete pequeno.

    – Isso chegou hoje de manhã – ela disse – Olhe, Rebecca; eu sei dizer quando um homem está paquerando uma mulher. E com certeza esse buquê não é de boas vindas.

    Meu coração acelerou só de pensar em quem devia ter enviado essas flores.

    – Quem as trouxe, Trisha? – perguntei
    – Eu é quem deveria estar fazendo esta pergunta.
    – Quem as trouxe, Trisha? – insisti – Como era essa pessoa?

    Olhos de caleidoscópio, ombros largos, sorriso encantador. Era isso o que eu queria ouvir.

    – Bem, um garoto de mais ou menos 10 anos bateu na porta hoje de manhã. Ele me perguntou se aqui tinha alguma Rebecca Johnson. Eu respondi que sim e ele disse: "Bem, mandaram entregar pra ela". Tentei perguntar ao garoto de quem era as flores, mas ele não me respondeu. Disse que foi obrigado a ficar calado. Mas agora, eu realmente quero saber: O que está escondendo, Becky?

    Passei as mãos no cabelo e me apoiei na parede.

    – Nada – disse.
    – Somo amigas, Becky – disse Trisha.
    – Sei que somos.
    – Não vai me contar?
    – Não há nada a dizer, Trisha – retruquei – Deve ser algum vizinho nos dando boas vindas
    – Nos dando boas vindas? – ela riu de deboche – Há apenas seu nome nesse bilhete, Becky.

     Me aproximei dela e sorri.

     – Então... acho que tenho um admirador secreto.

    Trisha bufou e estendeu o buquê.

    – Pegue logo essas flores – ela disse – Mas, se esse cara te magoar, juro que passo com um caminhão em cima da cabeça dele. E ainda dou a ré só pra confirmar. Entendeu?

    Assenti, peguei as flores e fui correndo para o meu quarto. Se oi remetente fosse quem eu estava pensando, então valeu a pena eu ter andado 35 minutos em círculos na noite passada. Me joguei na cama e peguei o bilhete. Ao abrí-lo, deixei meus lábios abrirem um sorriso.

            
       "Foi um prazer imenso conhecer você, Rebecca Johson.

    Sei que isso não é uma coisa legal de se dizer, mas deveria ficar perdida á noite mais vezes.

                                                                                                                  Rick Donehey".


    Não sou do tipo de garota que suspira ao ler um bilhete romântico. Na verdade, cresci em um ambiente onde não havia muito romance. Meus pais brigam desde que me entendo por gente, e a única coisa fofa que os ouço dizer é: "Você está bem elegante", ou "me passe a batata por favor" – estou querendo dizer que a maioria das vezes eles diziam "Me passa logo essa batata aí!".
    Eu via meus pais como parceiros de negócios, não como marido e mulher. Deus, Colin e Trisha eram a única coisa que me fazia acreditar que o amor existe. Eu já gostei de uns garotos quando era pequena e o único garoto que namorei se chamava Mike. Os outros só estavam interessados em juntar a família deles com a minha para conseguir mais dinheiro. E eu nunca, nunquinha, me apaixonei perdidamente.
    Guardei o bilhete na minha gaveta e coloquei as flores em um vaso. Fui até meu guarda-roupa a procura de algum vestido que Trisha aprovaria.

                                     ***

     A câmera estava na minha mão direita e o casaco de Rick pendurado no meu braço esquerdo. Enquanto descia as escadas, Trisha me seguia sem parar de falar.

    – Quando for falar com ele, se lembre de sempre sorrir! Mas não demais para ele não achar que você tem problemas mentais. E por favor, não comente o fato de você ter uma caranguejeira de estimação!
    – Trisha! – parei no meio da escada e a encarei – Já disse que não é um encontro! Vou apenas agradecer pelas flores e devolver o casaco!
    – Você mentiu pra mim sobre onde estava ontem á noite! – ela retrucou – Vai ter que me aguentar. Aliás, sei que está interessada nele. Vi o modo como olhou pra ele ontem á tarde.

    Tentei negar, mas lembrei que não podia mentir para Trisha até porque não podia. Ela me conhecia melhor do que eu mesma. Ela parecia um detector de mentiras.

    – Volto logo – avisei – Não deixe Colin chegar perto da cozinha. Vou passar no mercado e comprar algo para comermos.

    Trisha revirou os olhos e assentiu.

    – Não demore.

                                    ***

    Ao sair do prédio, atravessei a rua e aquele senhor que entregava rosas para as moças que passavam me desejou um "bom dia, senhorita". Ele estava arrumando alguns arranjos que tinham acabado de sair de um caminhão. Ajudei ele a recompor algumas caixas e passei pela porta giratória. Mas, antes, bati uma foto da floricultura.
    Rick estava no balcão anotando algo em um caderno. Pelo modo como mexia os dedos, parecia estar fazendo contas. Duas garotas estavam apoiadas no balcão esperando que ele terminasse. Rick separou os arranjos que as garotas haviam escolhido e esperou pelo dinheiro. Eu estava perto o bastante para perceber que, quando uma das garotas tirou o maço de dinheiro de sua bolsa, foi com ele um pedaço de papel, que imaginei que fosse o telefone dela. Rick pegou o dinheiro, mas deixou disfarçadamente o papel cair no chão. A garota piscou para ele e então passou por mim, saindo da floricultura.
    Aproveitei quando Rick virou as costas para colocar algumas flores na estante e me aproximei do balcão.

    – Bom dia – disse.

    Rick virou e assim que me viu abriu aquele famoso sorriso. Mas dessa vez pude perceber pela primeira vez uma covinha em sua bochecha.

    – Rebecca Johnson – o modo como ele disse meu nome me fez ficar vermelha.
    – Recebi as flores – eu disse – Obrigada. São lindas.
    – Não se anime tanto, fui obrigado á isso – ele apontou para o senhor que arrumava os caixotes de flores do lado de fora da floricultura.
 
    O olhei indignada, mas então ele sorriu.

    – Eu estava brincando.

    Dei uma risada fraca e abaixei a cabeça. Rick seguiu meu olhar e perguntou:

    – Está gostando de San Francisco?
    – Sim – respondi – Eu e meus amigos falamos disso desde os 16 anos. É como um sonho que se tornou realidade. Eu vim com eles. A garota que estava comigo ontem é Trisha. E também tem Colin, o namorado dela. Você iria gostar deles.
    – Aposto que sim – ele disse – Ei, esse é o meu casaco, certo?

    Ele apontou para o casaco que estava em meu braço esquerdo e eu assenti.

    – Você esqueceu comigo ontem á noite – entreguei o casaco e ele o pegou – Será que poderia fazer uma pergunta? Quem era o garotinho que me entregou as flores?
    – Ah, sim – ele sorriu – Harrison. É meu primo. Pedi para que ele te entregasse porque estava ocupado aqui na floricultura. Desculpe não ter te entregado pessoalmente.
    – Não tem problema – eu disse – Adorei mesmo assim.

   Rick olhou nos meus olhos. Estava começado a ficar sem graça, então desviei o olhar para a porta giratória da floricultura. As garotas que estavam interessadas em Rick ainda estavam lá, rindo e olhando o tempo todo para dentro da floricultura.

    – Elas estavam a fim de você – eu disse, apontando para elas.
    – Elas estavam enchendo o saco – ele corrigiu – Não gosto de garotas nojentas como elas.
    – Então... que tipo de garota você gosta?

    Nem sei porquê perguntei aquilo. Rick deu risada e abaixou a cabeça. Quando ergueu os olhos para mim, perguntou:
 
    – Aceita tomar um sorvete comigo, Rebecca?
    – Agora? – perguntei
    – Está muito ocupada?
    – Não, é que...

    Tinha dito para Trisha que chegava logo. E ainda precisava passar no mercado e comprar algo para fazer o almoço. Mas... era apenas um sorvete, certo? – Aliás, Colin e Trisha é quem tinham dito que eu precisava me relacionar mais com as pessoas. Qualquer coisa, ponho a culpa neles.

    – Eu vou – disse – Mas tem que ser rápido.

                                 ***

Continua...
 


Heeeey! Quanto tempo, não? Desculpem a demora, viajei a semana toda! - quem vê pensa: Nossa, como ela á importante! - Mas o que acontece é que meu pai é Evangelista. A cada dia ele vai pregar em uma igreja diferente e ás vezes nós vamos juntos. E, aproveitando que essa semana não teve aula (pelo menos na minha escola) ele pediu pra todo mundo - eu, minha mãe e meus dois irmãos - irmos juntos. Resultado: sem tempo pra computador. Mas espero que tenham gostado desse! Bjss e até a próxima! 
 
Comentários:
 
Jonathan Freitas: Melhor que Crepúsculo? Caraca, morri com o elogio! x_x! kkk valeu mesmo, cara! Obrigado por estar acompanhando, bjss!
 
Thatá: Continuando, sua DIVA! U.U! kkk em, num foi um BIIIIG, mas foi maior qe os outros, kkkk Gostou, nega? Bjjs amo vc!
 
Fiquem com Deus!