quarta-feira, 3 de julho de 2013

Memories - Capítulo 9 - Quando Trisha decide "Trishificar"

     E então foi a vez dele beijar minha bochecha. Assim que recebi esse gesto de carinho, corei imediatamente. Tão intensamente que ele seria muito burro de não ter percebido. Saiu e, quado virou um momento para trás – eles sempre olham para trás – a única coisa que saiu de minha boca foi:
 
– Até amanhã.
 
                 Memories - Nove
 
 
                              ***
   
    Assim que abri a porta de casa, dei cara com minha melhor amiga levando dois pratos sujos para a cozinha. A olhei indignada e, quando ela voltou á sala, ergui as sacolas que estavam em minhas mãos e perguntei:
     – Não podiam esperar?
     – Até que tentamos, mas..., sabe... acho que nosso estômago não conseguiria aguentar por muito tempo – disse Trisha, não escondendo que estava chateada com a minha demora.
     – Muito engraçado – eu disse, indo para a cozinha – Onde está Colin?
     – Em seu quarto – respondeu ela, me seguindo, ainda irritada – Mas não tente mudar de assunto. Por que demorou tanto? Você sabe que Colin está tomando medicamentos e não pode ficar muito tempo sem comer. Tivemos que comer a macarronada de ontem
 
    Coloquei as compras em cima da mesa da cozinha e a fitei:
 
     – Bem, vocês não morreram – disse – E não fique tão brava, daqui um pouco converso com você sobre isso. Agora vou falar com Colin, ele deve estar furioso comigo.
     – Boa sorte – disse Trisha asperamente.
 
    Percebi que ela estava realmente chateada comigo e então a abracei.
     – Me desculpe – eu disse – Não vai acontecer de novo.
     – Sei que não, pois da próxima vez eu vou ao mercado – Trisha falou e em seguida sorriu – Está tudo bem, bobona. Mas não quer dizer que não vou querer conversar sobre isso depois, ouviu? Tenho quase certeza de que essa demora ocorreu por causa daquele gatinho da floricultura.
    Senti algo borbulhar em meu estômago quando ela citou Rick.
     – Melhor eu ir falar logo com Colin – eu disse – Ele deve estar jogando dardos em alguma foto minha. 
    Trisha deu risada e começou a guardar as compras
 
    – Colin não sabe jogar dardos.
 
    Sorri e saí da cozinha.
    Fui até o quarto de Colin e percebi que a porta estava entreaberta. Ele estava  sentado á escrivaninha, desenhando, como sempre. O olhei por um instante e pude ver que as marcas da alergia já estavam saindo, deixando apenas algumas manchas pequenas. Abaixei a cabeça e suspirei. Estava muito preocupada com ele, pois desde que chegamos não fizemos nada de que ele goste. Colin sempre foi um ótimo amigo, mas me lembro que quando éramos crianças eu e Trisha o desprezávamos. E era isso que eu estava fazendo com ele. Ou, pelo menos, sentia que estava.
    Abri a porta lentamente, chamando sua atenção. Colin olhou pra mim e cruzou os braços.
    – Bem, como foi a viagem? – ele perguntou.
 
    Franzi a testa e entrei no quarto.
    – Do que está falando, Colin? – perguntei.
    – Demorou tanto que achei que tivesse ido no supermercado de Mississipi.
 
    Mostrei a língua e sentei na cama.
 
    – Me desculpe – eu disse – Não vai mais acontecer, está bem?
    – Está bem – disse Colin, deixando o lápis na escrivaninha e virando a cadeira na minha direção – Mas, até que foi bom você demorar. Acabei descobrindo que macarrão requentado não é tão ruim assim.
 
    O encarei e cruzei os braços, segurando pra não rir e estragar minha imagem de “eu odeio suas piadas”.
    – Por quê será que Trisha gostou de você? Não pode ter sido por você ser engraçado.
    – Porque eu sou bonito, inteligente e romântico – disse Colin – E eu sei falar Coreano.
    Dessa vez eu tive que rir. Foi quando eu me lembrei que Colin e eu ainda não tivemos uma conversa de “melhores amigos”, desde que ele e Trisha começaram a namorar. Lembro de ter ficado com medo de isso acontecer quando os dois deram a notícia, e comecei a pensar se aquele não era o momento de falar sobre isso.
    – Colin... será que podíamos conversar? – perguntei.
    É, eu deveria fazer aquilo. Na verdade, eu era mais próxima de Colin do que de Trisha. Ele morava praticamente na mesma rua que eu e nossas famílias eram amigas. Estudávamos na mesma escola e vivíamos um na casa do outro. Trisha chegou depois, quando tínhamos 10 anos. Ela morava um pouco mais longe, mas mesmo assim nos encontrávamos todos os dias. A partir daí nós três ficamos inseparáveis. Quando adolescentes, começamos a imaginar as viagens que iríamos fazer juntos. Começamos por San Francisco. Depois, Nova Iorque. Logo após, Califórnia. Com 18 anos Colin disse o que sentia por Trisha e a pediu em namoro. Depois desse dia, eu e Colin não tivemos mais a relação que tínhamos antes. Não estou dizendo que fiquei com ciúmes; quis dizer que comecei a sentir falta do tempo que passávamos juntos. Também não estou culpando Trisha: a conheço desde os 10 anos e a amo de verdade, mas é que tenho uma conexão especial com Colin; é como se fôssemos irmãos de sangue.
    Colin franziu a testa e sentou ao meu lado na cama.
     – Sobre o quê você quer falar? – ele perguntou.
     – Bem.... hum, é que.... – respirei fundo – Estou começando a sentir falta do tempo que passávamos juntos, Colin. Olhe, eu estou adorando o seu namoro com Trisha, e estou feliz que esteja feliz com ela. Mas é que... Trisha sempre está querendo passar um tempo comigo, e estou sentindo que estou passando mais tempo com ela do que com você. Principalmente agora que chegamos aqui – dei conta de que ele franzia a testa e fiquei vermelha – Oh..., o que eu estou falando? Esqueça tudo o que eu disse. Já temos 20 anos, não somos mais adolescentes. Estou agindo feito uma criança. Oh, você deve estar me achando agora tão infantil!
     Colin sorriu fraco, se ajeitou um pouco na cama e entrelaçou os dedos dele com os meus.
    – Você não está sendo infantil, Becky – ele disse – Só está dizendo o que pensa. Na verdade, eu estava conversando sobre isso com Trisha ontem á noite. Sabe..., quando comecei a namorar com ela, também senti medo que isso acontecesse. Pensei que eu e Trisha fôssemos ficar mais distantes de você. Mas... é por isso que Trisha é maravilhosa. Ela consegue separar o tempo dela pra tudo. Pra mim, pra família, pras compras... e pra você. Bem, eu não sei fazer isso. Não como ela. Então, acho que pode colocar a culpa disso tudo em mim, se quiser.
     – Não quero – eu disse – Você não tem culpa, Colin... isso acontece. Não estou conversando sobre isso com você para culpar alguém. Só queria que soubesse o que estou sentindo sobre isso – por um momento sorri – Lembra quando você falava mal dos meninos que eu gostava? Você dizia que todos eram idiotas e que iriam me fazer sofrer.
    – Não final, eu estava certo. Eu sempre acertava.
    Concordei e sorri.
    – É verdade. Mas, é melhor não falarmos mais sobre isso. Afinal, foi por isso que viemos para cá, não foi? Para nós três passarmos mais tempo juntos. É perda de tempo discutir sobre esse assunto.
    – Na verdade, foi interessante – disse Colin – Eu pude saber o que se passa com você. Faz um bom tempo que não conversamos assim, devíamos fazer isso mais vezes. Afinal... já que estamos assim, será que eu podia perguntar... Você está afim daquele cara que trabalha na floricultura?
    Virei o rosto e tentei disfarçar, mas sabia que era perda de tempo tentar esconder as coisas de Colin. Melhores amigos são como Trisha: detectores de mentiras.
    – Bem... Oh, por Deus, Colin! Chegamos aqui faz apenas dois dias e você já acha que estou caída por um florista? Oh, tenha Santa Paciência! – levantei fingindo estar irritada e fui até a porta – Quando estiver apaixonada por alguém, pode ter certeza que você e Trisha vão ser os primeiros a saber. Até lá, não façam comentários desse tipo!
    Colin deu risada e então levantou da cama e voltou até a escrivaninha, continuando seu desenho.
    – Você ficou irritada demais com isso, sabia? É meio suspeito.
     Ele estava mesmo me pressionando. Bem, uma hora ele ia descobrir sozinho, e iria ser pior. Respirei fundo e então disse:
    – O nome dele é Rick e ele me chamou pra sair amanhã á noite.
    Quando Colin ia dizer algo, foi interrompido.
    AAAAAAAAAH! EU SABIA, EU SABIA!
    Trisha abriu a porta do quarto e pulou em cima de mim. Seu abraço perecia que ia me sufocar.
 
    – Trish.... pare... c-com isso! – enquanto Trisha quase me enforcava, Colin apenas dava risadas e continuava com seu estúpido desenho.
    – Venha, vamos escolher uma roupa pra você – dessa vez ela me puxou e então eu praguejei.
    Agora eu deveria passar pelo estádio 1 do comportamento de Trisha: Ouvir seus conselhos e só criticar quando ela terminar – para a minha segurança, eu nunca criticava – O estádio 2 eram as roupas. Estádio 3 o cabelo e estádio 4 a maquiagem. No final, eu virava uma outra versão de Trisha. Mas, dessa vez não deixei ela me “Trishificar”. Eu mesma escolheria minhas roupas, arrumaria meu cabelo e faria minha maquiagem. Eu adorava ouvir os conselhos de minha amiga, mas... o meu visual era uma coisa que eu nunca deixava ela mudar.
     No mesmo dia eu, Colin e Trisha fomos até a praça principal da cidade. Nos divertimos tanto que nem mesmo seu eu mostrasse as fotos para você, Kate, poderia imaginar como estávamos nos sentindo naquele dia. O tempo que passei com eles em San Francisco me fez valorizar minhas amizades e, espero que quando você crescer, possa aprender isso também.
                                                                     ***
    No dia seguinte, eu estava mais nervosa que Colin quando vê uma aranha. Pensei que seria fácil me arrumar sozinha para esse encontro, mas... de um jeito ou de outro, eu sentia que hoje deveria ser diferente. Por isso resolvi pedir ajuda a uma profissional.
 
    – Trish?
 
    Ela estava no sofá com Colin. Assim que ela me viu com um monte de vestidos nas mãos, sorriu e entendeu tudo.
 
    – Sabia que você ia se render.
    E então me levou até seu guarda-roupa. Pedi algo que não fosse vulgar demais e também nem muito criança. Que não fosse formal demais – pois não sabia aonde Rick me levaria – E que também não fosse muito “vou ir ao mercado”. Trisha fez uma careta e disse que não tinha algo assim, mas que podia montar algo parecido com uma peça de roupa miha e uma peça de roupa dela. “Ótimo”, pensei. “Não irei ficar tãoTrishificada’ ”.
    Resolvemos assim: Eu usaria um vestido azul claro de seda – não era muito formal – um sapato de salto alto de Trisha, um colar da mesma e algumas pulseiras minhas. O cabelo deixei por conta de Trisha e, não me lembro muito qual foi o penteado, só me lembro que havia ficado tão lindo que demorei algum tempo para sair da rente do espelho. A maquiagem eu mesma fiz. – pois quando Trisha a fazia, eu não parecia eu mesma. E eu odiava quando eu não era eu mesma.
    Só sei que quando tudo terminou, eu estava sentada no sofá esperando dar oito horas da noite. Não sabia se era melhor eu esperar por ele ou eu mesma ir até a floricultura, mas comecei a imaginar que ele não deveria estar lá. Quando pensava nisso, Colin e Trisha chegaram na sala.
 
    – Ela não está linda, Colin? – perguntou Trisha, colocando as duas mãos na boca.
    – Nada mal, Johnson – respondeu ele, olhando pra mim – Está nervosa?
    – Oh, claro que ela está! – Trisha me interrompeu – É a primeira vez que sai com um garoto sem ser por vontade dos pais dela!
 
    A encarei e Colin a beliscou. Trisha soltou um grito e depois olhou pra mim.
 
    – Me desculpe.
    Dei de ombros e sorri.
    – Está tudo bem – eu disse – Não é nada mais que a verdade. Estou feliz por ter tomado essa decisão sozinha. E... é, estou um pouco nervosa.
    Trisha colocou a mão no coração como se estivesse emocionada e veio me abraçar.
    – Own, Becky.... fique tranquila, está bem? O máximo que ele pode fazer é rir de alguma besteira sua.
    Eu poderia até dizer que ela não estava ajudando em nada. Mas, era assim que Trisha ajudava. E, sinceramente: eu adorava o jeito dela.
    – Acho que preciso ir agora – eu disse, levantando do sofá – Me desejem sorte.
    – Boa sorte – disseram eles.
    Decidi que ficaria esperando Rick no saguão do prédio, já que foi ele quem disse que iria me pegar. Saí do apartamento e desci as escadas. Quando ia abrir a porta do saguão, ela bateu com força no pé de alguém.
    – Oh, Desculpe
    Então, ele sorriu.
    – Rebecca Johnson – disse Rick – Você está linda.
 
                                                            ***
 
Continua...
 
Hellooo! Sim, sim, eu sou uma desgraçada! mas dessa vez confesso que foi por preguiça! É que fiquei tão viciada na série Coreana "Princess Hours", que até esqueci de escrever a história! Mas, agora que já terminei de assistir todos os capítulos, vou tentar postar mais vezes.
    Hoje naõ vai dar pra responder os comentários, sorry :(! Espero que tenham gostado, bjss e fiquem com Deus!
 
 



 
 

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