– Até amanhã.
Memories - Nove
***
Assim
que abri a porta de casa, dei cara com minha melhor amiga levando dois pratos
sujos para a cozinha. A olhei indignada e, quando ela voltou á sala, ergui as
sacolas que estavam em minhas mãos e perguntei:
– Não podiam esperar?
– Até que tentamos, mas..., sabe... acho
que nosso estômago não conseguiria aguentar por muito tempo – disse Trisha, não
escondendo que estava chateada com a minha demora.
– Muito engraçado – eu disse, indo para a
cozinha – Onde está Colin?
– Em seu quarto – respondeu ela, me
seguindo, ainda irritada – Mas não tente mudar de assunto. Por que demorou
tanto? Você sabe que Colin está tomando medicamentos e não pode ficar muito
tempo sem comer. Tivemos que comer a macarronada de ontem
Coloquei as compras em cima da mesa da
cozinha e a fitei:
– Bem, vocês não morreram – disse – E não
fique tão brava, daqui um pouco converso com você sobre isso. Agora vou falar
com Colin, ele deve estar furioso comigo.
– Boa sorte – disse Trisha asperamente.
Percebi que ela estava realmente chateada
comigo e então a abracei.
– Me desculpe – eu disse – Não vai
acontecer de novo.
– Sei que não, pois da próxima vez eu vou ao mercado – Trisha falou e em
seguida sorriu – Está tudo bem, bobona. Mas não quer dizer que não vou querer
conversar sobre isso depois, ouviu? Tenho quase certeza de que essa demora
ocorreu por causa daquele gatinho da floricultura.
Senti algo borbulhar em meu estômago quando
ela citou Rick.
– Melhor eu ir falar logo com Colin – eu
disse – Ele deve estar jogando dardos em alguma foto minha.
Trisha deu risada e começou a guardar as
compras
– Colin não sabe jogar dardos.
Sorri e saí da cozinha.
Fui até o quarto de Colin e percebi que a
porta estava entreaberta. Ele estava sentado á escrivaninha, desenhando, como
sempre. O olhei por um instante e pude ver que as marcas da alergia já estavam
saindo, deixando apenas algumas manchas pequenas. Abaixei a cabeça e suspirei.
Estava muito preocupada com ele, pois desde que chegamos não fizemos nada de
que ele goste. Colin sempre foi um ótimo amigo, mas me lembro que quando éramos
crianças eu e Trisha o desprezávamos. E era isso que eu estava fazendo com ele.
Ou, pelo menos, sentia que estava.
Abri a porta lentamente, chamando sua
atenção. Colin olhou pra mim e cruzou os braços.
– Bem, como foi a viagem? – ele perguntou.
Franzi a testa e entrei no quarto.
– Do que está falando, Colin? – perguntei.
– Demorou tanto que achei que tivesse ido
no supermercado de Mississipi.
Mostrei a língua e sentei na cama.
– Me desculpe – eu disse – Não vai mais
acontecer, está bem?
– Está bem – disse Colin, deixando o lápis
na escrivaninha e virando a cadeira na minha direção – Mas, até que foi bom
você demorar. Acabei descobrindo que macarrão requentado não é tão ruim assim.
O encarei e cruzei os braços, segurando pra
não rir e estragar minha imagem de “eu odeio suas piadas”.
– Por quê será que Trisha gostou de você?
Não pode ter sido por você ser engraçado.
– Porque eu sou bonito, inteligente e
romântico – disse Colin – E eu sei falar Coreano.
Dessa vez eu tive que rir. Foi quando eu me
lembrei que Colin e eu ainda não tivemos uma conversa de “melhores amigos”, desde
que ele e Trisha começaram a namorar. Lembro de ter ficado com medo de isso
acontecer quando os dois deram a notícia, e comecei a pensar se aquele não era
o momento de falar sobre isso.
– Colin... será que podíamos conversar? –
perguntei.
É, eu deveria fazer aquilo. Na verdade, eu
era mais próxima de Colin do que de Trisha. Ele morava praticamente na mesma
rua que eu e nossas famílias eram amigas. Estudávamos na mesma escola e
vivíamos um na casa do outro. Trisha chegou depois, quando tínhamos 10 anos.
Ela morava um pouco mais longe, mas mesmo assim nos encontrávamos todos os
dias. A partir daí nós três ficamos inseparáveis. Quando adolescentes,
começamos a imaginar as viagens que iríamos fazer juntos. Começamos por San
Francisco. Depois, Nova Iorque. Logo após, Califórnia. Com 18 anos Colin disse
o que sentia por Trisha e a pediu em namoro. Depois desse dia, eu e Colin não tivemos
mais a relação que tínhamos antes. Não estou dizendo que fiquei com ciúmes;
quis dizer que comecei a sentir falta do tempo que passávamos juntos. Também
não estou culpando Trisha: a conheço desde os 10 anos e a amo de verdade, mas é
que tenho uma conexão especial com Colin; é como se fôssemos irmãos de sangue.
Colin franziu a testa e sentou ao meu lado
na cama.
– Sobre o quê você quer falar? – ele
perguntou.
– Bem.... hum, é que.... – respirei fundo
– Estou começando a sentir falta do tempo que passávamos juntos, Colin. Olhe,
eu estou adorando o seu namoro com Trisha, e estou feliz que esteja feliz com
ela. Mas é que... Trisha sempre está querendo passar um tempo comigo, e estou
sentindo que estou passando mais tempo com ela do que com você. Principalmente
agora que chegamos aqui – dei conta de que ele franzia a testa e fiquei
vermelha – Oh..., o que eu estou falando? Esqueça tudo o que eu disse. Já temos
20 anos, não somos mais adolescentes. Estou agindo feito uma criança. Oh, você
deve estar me achando agora tão infantil!
Colin sorriu fraco, se ajeitou um pouco na
cama e entrelaçou os dedos dele com os meus.
– Você não está sendo infantil, Becky – ele
disse – Só está dizendo o que pensa. Na verdade, eu estava conversando sobre
isso com Trisha ontem á noite. Sabe..., quando comecei a namorar com ela,
também senti medo que isso acontecesse. Pensei que eu e Trisha fôssemos ficar
mais distantes de você. Mas... é por isso que Trisha é maravilhosa. Ela
consegue separar o tempo dela pra tudo. Pra mim, pra família, pras compras... e
pra você. Bem, eu não sei fazer isso. Não como ela. Então, acho que pode
colocar a culpa disso tudo em mim, se quiser.
– Não quero – eu disse – Você não tem
culpa, Colin... isso acontece. Não estou conversando sobre isso com você para
culpar alguém. Só queria que soubesse o que estou sentindo sobre isso – por um momento
sorri – Lembra quando você falava mal dos meninos que eu gostava? Você dizia
que todos eram idiotas e que iriam me fazer sofrer.
– Não final, eu estava certo. Eu sempre
acertava.
Concordei e sorri.
– É verdade. Mas, é melhor não falarmos
mais sobre isso. Afinal, foi por isso que viemos para cá, não foi? Para nós
três passarmos mais tempo juntos. É perda de tempo discutir sobre esse assunto.
– Na verdade, foi interessante – disse
Colin – Eu pude saber o que se passa com você. Faz um bom tempo que não
conversamos assim, devíamos fazer isso mais vezes. Afinal... já que estamos
assim, será que eu podia perguntar... Você está afim daquele cara que trabalha
na floricultura?
Virei o rosto e tentei disfarçar, mas sabia
que era perda de tempo tentar esconder as coisas de Colin. Melhores amigos são
como Trisha: detectores de mentiras.
– Bem... Oh, por Deus, Colin! Chegamos aqui
faz apenas dois dias e você já acha que estou caída por um florista? Oh, tenha
Santa Paciência! – levantei fingindo estar irritada e fui até a porta – Quando
estiver apaixonada por alguém, pode ter certeza que você e Trisha vão ser os
primeiros a saber. Até lá, não façam comentários desse tipo!
Colin deu risada e então levantou da cama e
voltou até a escrivaninha, continuando seu desenho.
– Você ficou irritada demais com isso,
sabia? É meio suspeito.
Ele estava mesmo me pressionando. Bem, uma
hora ele ia descobrir sozinho, e iria ser pior. Respirei fundo e então disse:
– O nome dele é Rick e ele me chamou pra
sair amanhã á noite.
Quando Colin ia dizer algo, foi
interrompido.
– AAAAAAAAAH!
EU SABIA, EU SABIA!
Trisha abriu a porta do quarto e pulou em cima de
mim. Seu abraço perecia que ia me sufocar.
– Trish.... pare... c-com isso! – enquanto
Trisha quase me enforcava, Colin apenas dava risadas e continuava com seu
estúpido desenho.
– Venha, vamos escolher uma roupa pra você
– dessa vez ela me puxou e então eu praguejei.
Agora eu deveria passar pelo estádio 1 do
comportamento de Trisha: Ouvir seus conselhos e só criticar quando ela terminar
– para a minha segurança, eu nunca criticava – O estádio 2 eram as roupas.
Estádio 3 o cabelo e estádio 4 a
maquiagem. No final, eu virava uma outra versão de Trisha. Mas, dessa vez não
deixei ela me “Trishificar”. Eu mesma escolheria minhas roupas, arrumaria meu
cabelo e faria minha maquiagem. Eu adorava ouvir os conselhos de minha amiga,
mas... o meu visual era uma coisa que eu nunca deixava ela mudar.
No mesmo dia eu, Colin e Trisha fomos até
a praça principal da cidade. Nos divertimos tanto que nem mesmo seu eu
mostrasse as fotos para você, Kate, poderia imaginar como estávamos nos
sentindo naquele dia. O tempo que passei com eles em San Francisco me fez
valorizar minhas amizades e, espero que quando você crescer, possa aprender
isso também.
***
No dia seguinte, eu estava mais nervosa que
Colin quando vê uma aranha. Pensei que seria fácil me arrumar sozinha para esse
encontro, mas... de um jeito ou de outro, eu sentia que hoje deveria ser
diferente. Por isso resolvi pedir ajuda a uma profissional.
– Trish?
Ela estava no sofá com Colin. Assim que ela
me viu com um monte de vestidos nas mãos, sorriu e entendeu tudo.
– Sabia que você ia se render.
E então me levou até seu guarda-roupa. Pedi
algo que não fosse vulgar demais e também nem muito criança. Que não fosse
formal demais – pois não sabia aonde Rick me levaria – E que também não fosse
muito “vou ir ao mercado”. Trisha fez uma careta e disse que não tinha algo
assim, mas que podia montar algo parecido com uma peça de roupa miha e uma peça
de roupa dela. “Ótimo”, pensei. “Não irei ficar tão ‘Trishificada’ ”.
Resolvemos assim: Eu usaria um vestido azul
claro de seda – não era muito formal – um sapato de salto alto de Trisha, um
colar da mesma e algumas pulseiras minhas. O cabelo deixei por conta de Trisha
e, não me lembro muito qual foi o penteado, só me lembro que havia ficado tão lindo
que demorei algum tempo para sair da rente do espelho. A maquiagem eu mesma fiz.
– pois quando Trisha a fazia, eu não parecia eu mesma. E eu odiava quando eu não era eu mesma.
Só sei que
quando tudo terminou, eu estava sentada no sofá esperando dar oito horas da noite.
Não sabia se era melhor eu esperar por ele ou eu mesma ir até a floricultura, mas
comecei a imaginar que ele não deveria estar lá. Quando pensava nisso, Colin e Trisha
chegaram na sala.
– Ela não
está linda, Colin? – perguntou Trisha, colocando as duas mãos na boca.
– Nada mal,
Johnson – respondeu ele, olhando pra mim – Está nervosa?
– Oh, claro que ela está! – Trisha me
interrompeu – É a primeira vez que sai com um garoto sem ser por vontade dos
pais dela!
A encarei e Colin a beliscou. Trisha soltou
um grito e depois olhou pra mim.
– Me desculpe.
Dei de ombros e sorri.
– Está tudo bem – eu disse – Não é nada
mais que a verdade. Estou feliz por ter tomado essa decisão sozinha. E... é,
estou um pouco nervosa.
Trisha colocou a mão no coração como se
estivesse emocionada e veio me abraçar.
– Own, Becky.... fique tranquila, está bem?
O máximo que ele pode fazer é rir de alguma besteira sua.
Eu poderia até dizer que ela não estava
ajudando em nada. Mas ,
era assim que Trisha ajudava. E, sinceramente: eu adorava o jeito dela.
– Acho que preciso ir agora – eu disse,
levantando do sofá – Me desejem sorte.
– Boa sorte – disseram eles.
Decidi que ficaria esperando Rick no saguão
do prédio, já que foi ele quem disse que iria me pegar. Saí do apartamento e
desci as escadas. Quando ia abrir a porta do saguão, ela bateu com força no pé
de alguém.
– Oh, Desculpe
Então, ele sorriu.
– Rebecca Johnson – disse Rick – Você está
linda.
***
Continua...
Hellooo! Sim, sim, eu sou uma desgraçada! mas dessa vez confesso que foi por preguiça! É que fiquei tão viciada na série Coreana "Princess Hours", que até esqueci de escrever a história! Mas, agora que já terminei de assistir todos os capítulos, vou tentar postar mais vezes.
Hoje naõ vai dar pra responder os comentários, sorry :(! Espero que tenham gostado, bjss e fiquem com Deus!
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