segunda-feira, 8 de abril de 2013

Memories - Capítulo 2 - Espiando a vida alheia

    
    Fechei os olhos deixando as lembranças tomarem conta da minha mente. Como seu voltasse a ter 20 anos, comecei a contar como tudo aconteceu.

               Memories - Dois
                                                              
                                                                ***                         
    POR TUDO que é mais sagrado, tenha cuidado com essa câmera, Colin! – disse Trisha entre dentes, enquanto fazia uma pose ao meu lado esperando Colin bater a foto.                  
     E o que te faz pensar que um homem cuidadoso como eu deixaria algo de ruim acontecer com essa câmera novinha?
     Talvez porque você quebra tudo o que toca – eu disse também entre dentes, forçando um sorriso.
    – Digam San Francisco! – gritou Colin, ignorando meu comentário.

    Não dissemos nada, e naquela hora tive certeza de que eu e Trisha saímos na foto fazendo uma careta.
    Para tentar se defender de meu comentário anterior, Colin disse:

    – Fique sabendo, Becky, que eu sei ser muito cuidadoso quando se trata de algo irá registrar os quatro meses que ficaremos aqui em San Francisco. Acredite, guardarei essa câmera com a minha vida.

    Eu e Trisha nos olhamos e pegamos nossas malas do chão, ignorando o afirmação vantajosa de Colin. Apesar da câmera ser minha, tínhamos feito um acordo quando ainda estávamos no trem para ver quem ficaria com ela na primeira semana em San Francisco. Concordamos em deixar Colin ser o primeiro, já que foi ele quem conseguiu alugar o apartamento em San francisco. Mas não estávamos tão confiantes em relação á isso.
    Ele colocou sua mochila grande em suas costas e me ajudou com a alça da minha mala, que estava emperrada. Nós três saímos da estação de trem de San Francisco e fomos á uma lanchonete que havia lá perto, já que a fome de Trisha estava incomodando mais a nós do que ela mesma.

    – Não acredito que finalmente estamos em San Francisco! – disse Trisha, segurando o cardápio nas mãos – O que vamos fazer primeiro? Estou me sentindo tão inútil!
    – Se acalme, Trisha – eu pedi – Ainda nem conhecemos o apartamento que Colin alugou. Precisamos desfazer as malas, tomar um banho...
    – E parar de ser tão chata! – exclamou ela
    – Trisha... – repreendeu Colin.
    – Foi brincadeira –  ela ergueu as mãos – Quando será que meu queijo quente vai chegar?!

    Trisha disse a última frase em um tom mais alto, ganhando alguns olhares da lanchonete.

    – Trisha! – repreendeu Colin novamente.

    Ela soltou uma gargalhada e pegou a câmera que estava sob a mesa. Trisha era do tipo de garota que não tinha vergonha de gritar em frente ao um público ou de parecer idiota. Isso ás vezes irritava, mas era o que a fazia especial.

    – Quanto custou, Becky? – ela perguntou, se referindo á câmera.
    – Não sei – respondi – Meus pais compraram para mim semana passada. Disseram que quando fazemos uma viagem dessas com os amigos, é preciso registrar cada segundo.
    – Seus pais estão progredindo – disse Colin – Nem o meu salário pode pagar uma câmera dessas, Becky.

   Soltei uma risada e puxei o prato de queijo quente que a garçonete havia posto na mesa. Trisha soltou um "Glória a Deus" enquanto eu mechia nos botões da câmera.

    – Quero fazer um álbum bem grande dessa viagem – eu disse – Vamos registrar cada momento, não quero perder nada, ouviram? É a primeira vez que viajamos juntos, só nós três. Vamos aproveitar cada segundo. E nada de ficar namorando e me deixar segurando vela!
    – Posso até tentar, mas não prometo nada – Colin ergueu as mãos
    – Idem – Trisha concordou.

    Colin beijou o topo de sua cabeça e então todos soltamos uma longa risada, felizes por estarmos no lugar que vivíamos dizendo que estaríamos desde os 16 anos.
   

                               ***
    DEPOIS de comermos, pegamos um táxi que nos deixou em frente á um prédio desgastado pelo tempo, que ficava á 7km da estação. Ficamos um tempo parados olhando para ele, até Colin perguntar:

    – Gostaram?

    Eu e Trisha nos olhamos. Não era horrível, mas também não era perfeito.

    – Tem certeza de que é aqui? – perguntou Trisha; com certeza ela não pensava do mesmo jeito que eu.

    Colin pegou sua mala do chão e seguiu na nossa frente.
 
    – Tenho certeza absoluta – ele disse – Sigam-me.

    Fomos até a recepção. O saguão do prédio também tinham paredes desgastadas, embora a decoração da mobília fosse muito bonita. O balcão era grande e um homem que parecia ser mais novo que nós estava atrás dele. Colin pagou a reserva que tinha feito por telefone á dois dias atrás. Nosso apartamento era o 22, no segundo andar. Os corredores eram longos e a atmosfera era úmida e fria. Abrimos a porta e suspiramos.
    Quem visse o prédio do lado de fora, não ia ter noção de como ele era por dentro. Não era a melhor coisa do mundo, mas era melhor do que a visão do prédio por fora. Se tivesse um guarda-roupa grande e uma cama confortável, pra mim já estava ótimo.
   
    – Temos mesmo que desfazer as malas agora? – Trisha perguntou, se jogando na poltrona – Estou tão cansada...
    – Levante-se, preguiçosa – Colin ficou atrás da poltrona e beijou o topo de sua cabeça – Temos muito a fazer. Vou levar nossas mala ao quarto de hópedes. Sabe.. até decidirmos com qual quarto ficaremos.
    – Vou ficar com Becky – disse ela – Você ronca demais. Não é, Becky?

    Os deixei falando sozinhos para ver o que estava acontecendo lá fora, pois estava escutando vozes gritando e xingando. Fui até a janela de um dos dois quartos, e pude ver dois homens tendo uma discussão. Um deles era bem velho e parecia ser o dono da floricultra que ficava em fente ao prédio. O outro parecia ter minha idade, e usava roupas que na minha cidade eram consideradas da classe baixa. Tinha cabelos negros e ombros largos. O velho dava sermões tão altos que da janela conseguia escutar. O homem escutava tudo e não ligava pra nada, como se já tivesse escutado isso milhões de vezes.
    Quando o sermão acabou, o velho voltou para a loja e o homem pegou a vassoura e começou a varrer a sujeira da calçada. Por um momento, olhou para a minha janela. Seus olhos encontraram os meus e eu saí de lá rapidamente, torcendo para que ele não tivesse percebido que eu estava assistindo a discussão.


Continua...

Heeeey! Como estão, pessoas? Gostaram desse? Não sou muito boa para escrever histórias de época, tanto que tenho certeza que deve ter algumas coisinhas erradas nesse capítulo, e com certeza irá ter mais coisinhas erradas no decorrer da história, se eu não prestar a atenção. Mas estou apenas começando e tenho certeza de que essa história será molde para outras que irão surgir! Amo escrever e não vou deixar de fazer isso só por causa de algumas "coisinhas erradas", certo? Bjss!

Comentários:

Jonathan Freitas: Fico feliz que gostou! Obrigada! Até a próxima! Bjss *-*

Fiquem com Deus!
   



Um comentário:

Digam o que pensam dessa postagem, smilers!